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03 de dezembro, 2021

Por que você não deveria entrar na moda do sono polifásico

Por que você não deveria entrar na moda do sono polifásico

Dormir é uma delícia e ai de quem disser o contrário, certo? Isso sem contar os inúmeros benefícios do sono para a saúde, física e mental, para a sua produtividade, para a sua memória e até mesmo para a sociedade. Acontece que tem gente que não concorda e adota estratégias para dormir o menos possível, acreditando que assim estará melhor. Estes são os adeptos ao sono polifásico. 

O que é o sono polifásico

O sono polifásico é a prática de distribuir o sono em episódios múltiplos e mais curtos durante as 24 horas do dia ao invés de dormir um só período, o que é chamado de sono monofásico.

Ele também se difere do sono bifásico, que é dividido em duas etapas similares noturnas (mais comum na era pré-industrial) ou em uma diurna e outra noturna (como a tradição da siesta, na Espanha). 

Não existem estimativas confiáveis de quantas pessoas adotam atualmente o sono polifásico no mundo, mas já se aponta a uma tendência de crescimento, sobretudo entre jovens adultos, muitas vezes incentivados por discursos do estilo “o que você faz da meia-noite às seis” ou “trabalhe enquanto eles dormem” e por nomes celebrados como Cristiano Ronaldo, Nikola Tesla, Amyr Klink ou Leonardo da Vinci.

O travesseiro Persono é usado para monitorar o sono e é recomendado pelos atletas do Time Brasil e pelo COB - Comitê Olímpico Brasileiro

Como funciona o sono polifásico

Existem diferentes tipos de sono polifásico. Da Vinci, por exemplo, dormia 20 minutos a cada quatro horas, explicam os seus biógrafos. Já Cristiano Ronaldo dorme de cinco a seis ciclos de 90 minutos por dia, todos muito bem cronometrados.

Atualmente, há três tipos de sono polifásico mais amplamente divulgados:

  • Sono Uberman, que consiste em seis episódios de sono de 20 minutos ao longo do dia, com objetivo de dormir duas horas por dia.
  • Sono Everyman, que consiste em um sono mais “longo” de três horas e outros três episódios de sono de 20 minutos, com objetivo de dormir quatro horas por dia.
  • Sono Trifásico / Triphasic, que consiste em três episódios curtos de sono depois durante o período escuro do dia e durante a tarde, com objetivo de dormir de quatro a cinco horas por dia. 

Existem ainda relatos de outros modelos de sono polifásico, como o Dymaxion (quatro sonecas de 30 minutos a cada seis horas, todas elas equidistantes), Core Only (episódios de sono ao longo do dia, sempre com duração de múltiplos de 90 minutos, garantindo ciclos do sono completos) e Chase (três episódios de sono de duas horas cada por dia). 

Benefícios do sono polifásico

Não existe nenhuma evidência científica confiável sobre os supostos benefícios do sono polifásico

E olha que procuraram. Um grupo multinacional de pesquisadores analisou mais de 40 mil estudos que poderiam ser de interesse do sono polifásico. O painel não encontrou nenhum que suportasse irrefutavelmente as supostas melhorias de vida trazidas por ele. 

Grupos como a Polyphasic Sleep Society (Sociedade do Sono Polifásico), porém, dizem que entre os benefícios de dormir em pequenos blocos estão: 

  • Mais tempo disponível para trabalho, estudo, atividades físicas e outros;
  • Priorização das fases do sono “mais importantes” (Sono Profundo e Sono REM);
  • Redução dos despertares noturnos;
  • Maior probabilidade de se lembrar dos sonhos;
  • Mais facilidade de adequação à rotina de trabalho irregular;
  • Maior produtividade;
  • Indução de sonhos lúcidos.

Repetindo: a ciência não ampara nenhum desses supostos benefícios do sono polifásico. Veja o caso da produtividade, por exemplo. Dormir mal causa a diminuição das funções cognitivas, o que deixa uma pessoa menos alerta, mais devagar mentalmente, menos preparada para situações de estresse e com capacidade reduzida de tomar decisões de maneira racional. 

Isso realmente é produtividade? 

E não, o corpo não aprende a dormir poucas horas. A longo prazo, a falta de sono aumenta o risco de hipertensão, AVC, infarto e derruba a sua imunidade. Só para citar alguns… 

Consequências do sono polifásico para a saúde

O sono polifásico também pode ser entendido como o sono contra o ritmo circadiano, guiado por gatilhos visuais de luz e escuridão. Dormir de dia regularmente contraria essa natureza. 

A falta de regulação no ritmo circadiano traz consequências importantes na saúde física, mental, emocional e até mesmo financeira de uma pessoa e vão desde a dificuldade de concentração até o aumento do risco de problemas do coração. Isso acontece mesmo quando a pessoa dorme a uma quantidade de horas adequada, mas o faz fora do horário regular.

Cochilar não supre as necessidades de sono normais de uma pessoa, não importa quantos cochilos sejam. O sono não é um cheque para ser compensado. 

Fases do sono seguidas

Alguns defensores do sono polifásico, sobretudo dos modelos que envolvem múltiplos de 90 minutos, alegam que assim estão respeitando e passando por todas as fases do sono. Mas não é tão simples assim. 

Quando dorme regularmente, à noite, uma pessoa passa em média por quatro a seis ciclos completos de sono. Acontece que esses ciclos não são iguais entre eles. Com o passar da noite, a duração de cada fase vai mudando. O sono profundo (NREM 3), por exemplo, vai ficando mais curto, enquanto o sono REM vai ficando mais longo. 

Dormir apenas uma hora e meia (ou três, ou quatro e meia) seguidas, não permite que o sono REM evolua como deve e os benefícios que ele traz não são aproveitados como deveriam. 

Eu deveria testar o sono polifásico e ver se funciona para mim?

Não.

Boa noite.

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