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04 de março, 2022

Ciclo circadiano, ultradiano e infradiano: conheça os ritmos do corpo

Ciclo circadiano, ultradiano e infradiano: conheça os ritmos do corpo

O seu organismo é mais autônomo do que você imagina. Já pensou se você tivesse que se preocupar em respirar, dormir ou comer sem receber sinais do seu corpo? Não teríamos tempo para mais nada de tantos processos que deveríamos organizar e fazer acontecer. Felizmente existem os ritmos do corpo humano que servem exatamente para isso: ciclo circadiano, ultradiano e infradiano.

Esses ritmos são tão importantes que existe um campo da ciência dedicado inteiramente ao estudo deles: a cronobiologia. 

O que é cronobiologia?   

A cronobiologia é o estudo dos ritmos naturais que afetam a vida dos organismos vivos. No caso da ciência do sono, esse ritmo é o ritmo circadiano.

Todos os seres estão organizados temporalmente e são capazes de se comportar fisiologicamente de modo periódico e recorrente. 

Já reparou como todos os dias você sente fome ou sono mais ou menos no mesmo horário? Ou que o ciclo menstrual feminino aparece todos os meses com um intervalo de duração aproximada? Esses são alguns exemplos de produtos dos ciclos (ou ritmos) biológicos.

Nos últimos anos o estudo da cronobiologia ganhou bastante força, com impulso até do Prêmio Nobel de Medicina. Em 2017, os geneticistas americanos Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young receberam o prêmio das mãos da família real sueca por terem conseguido “desvendar o mecanismo que controla a máquina do relógio biológico”, nas palavras de Ana Wedell, professora de Medicina Genética e integrante da Academia Sueca. 

Hall, Rosbash e Young isolaram o gene responsável por regular o ritmo circadiano e assim foram capazes de descrever o funcionamento da proteína que é produzida por ele e mostrar o mecanismo de “feedback” que regula todo o sistema deste ritmo. 

Só que os primeiros estudos sobre os ritmos biológicos humanos são bem mais antigos. Alguns relatos empíricos sobre eles datam da primeira metade do século XVIII. 

Apesar disso, somente em 1960 a cronobiologia foi caracterizada como disciplina científica. É graças a ela que hoje entendemos mais sobre como nosso organismo funciona.

Os ciclos biológicos 

A partir de agora você vai conhecer mais sobre o ciclo circadiano, ciclo infradiano e ciclo ultradiano.

Ciclo circadiano

O nome ciclo circadiano já indica a sua característica chave. O prefixo circa tem origem no latim e é usado como referência temporal equivalente a “por volta de”. Então o ciclo circadiano é aquele que tem duração de aproximadamente 24 horas.

Essa descoberta foi feita em um estudo no final dos Anos 1930, quando o professor Nathaniel Kleitman e seu assistente, Bruce Richardson, ficaram isolados em uma caverna escura por mais de um mês. Eles perceberam que o nosso ritmo circadiano pode durar até 28 horas por ciclo.

A principal função do ciclo circadiano é a regulação do sono e o seu gatilho mais importante é a luz. Na sua presença, estamos acordados e ativos. Já na sua ausência, ou seja, à noite, a glândula pineal aumenta a produção de melatonina e é isso que nos faz dormir. 

É por isso que o uso de eletrônicos que emitem luz é tão prejudicial ao sono, já que eles enganam o cérebro, que entende que não é hora de descansar.

+ Leia Mais: Como a luz afeta seu sono

Além da luz, também afetam o ciclo circadiano a temperatura corporal, horários de estudo e trabalho, prática de atividades físicas, alimentação e idade, entre outros. 

A desregulação do ciclo circadiano gera sono de baixa qualidade, o que tem como consequência péssimos efeitos na saúde física, mental, emocional, social e até financeira de uma pessoa. 

Ciclo infradiano

Os ciclos infradianos são aqueles que duram mais de 28 horas, ou seja, mais do que um ciclo circadiano. Em outras palavras, fazem parte do ciclo infradiano aquelas ações do organismo que são repetitivas, mas que não ocorrem diariamente. 

O exemplo mais clássico de ciclo infradiano é o ciclo menstrual, que pode durar de 21 a 40 dias. A sua regulação é feita pela liberação de hormônios na primeira metade do ciclo. Já na segunda metade, a progesterona ajuda o útero a se preparar para a implantação do embrião. Se não há fertilização, ocorre o fluxo menstrual.

O transtorno afetivo sazonal, condição de recorrência de sintomas de depressão nos meses de inverno com remissão nos meses de primavera e verão, também é considerado produto do ciclo infradiano, afinal é uma reação repetitiva do organismo com duração maior de 28 horas.

Como os ciclos infradianos estão tão relacionados à produção hormonal, a sua desregulação pode ser produto ou fator contribuinte para prejuízos ao ciclo do sono, à fertilidade, aos níveis de energia e até à capacidade do corpo de combater infecções.

Ciclo ultradiano

Se o ciclo infradiano é maior do que um dia e o ciclo circadiano dura ao redor de um dia, o ciclo ultradiano é aquele que dura menos de um dia, ou seja, que se repete mais de uma vez durante um período de 24 horas.

Os ciclos ultradianos podem ser extremamente rápidos e sem parar (como o ciclo respiratório) ou serem ocasionais (como o ciclo urinário, que ocorre em média de seis a sete vezes por dia caso esteja em condições normais). 

Também são considerados ciclos ultradianos: circulação sanguínea, pulso e batimentos cardíacos, termorregulação, piscada dos olhos, apetite e excitação sexual.

A produtividade também ocorre em ciclos do tipo ultradiano. 

O professor Nathaniel Kleitman, o mesmo que estudou o ciclo circadiano na caverna, observou que assim como um ciclo do sono dura ao redor de 90 minutos, durante o dia também operamos em ciclos de duração similar que vão alternando em picos de maior e menor produtividade e alerta. 

Para Kleitman, depois de trabalhar por 90 minutos de trabalho intenso, começamos a consumir nossas reservas de emergência de energia. Durante esse processo, transitamos da excitação parassintética para a simpática, também conhecida como “reação de lutar ou fugir”.

A produtividade funciona em ciclos de 90 minutos (ciclo ultradiano) assim como os ciclos do sono

A diferença do sono é que durante o dia, como estamos acordados, nós conseguimos “enganar” os alertas que o corpo manda desses picos e vales de atenção. Por exemplo, quando sentimos a produtividade despencar no meio da tarde e, ao invés de descansar alguns minutos, tomamos café

O corpo avisa que mudou de fase, só que nós desviamos desses avisos.

+ Leia mais: 7 técnicas de produtividade que funcionam de verdade

Boa noite!

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