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12 de março, 2021
Esse post é pra você encaminhar para aquele amigo ou aquela amiga que vivem dizendo que “o café já não faz mais efeito pra mim”. Se você não tem um amigo assim, é bem provável que você seja essa pessoa que toma café antes de dormir achando que “não vai dar em nada”. Spoiler: vai sim, mesmo que você não perceba.
Mas você (ou seu amigo) não está sozinho nessa. De acordo com a Organização Internacional do Café, cada brasileiro consome, em média, 5,8 quilos de grãos de café por ano. Isso corresponde a aproximadamente 828 doses de café espresso, ou pouco mais de duas xícaras por dia. O Brasil é o único país da América Latina entre os 25 maiores consumidores de café.
É importante ressaltar que o cálculo é feito sobre a população total, incluindo crianças, o que sugere que a quantidade tomada seja ainda maior.
Só que parece relativamente pouco, certo? Dois espressos em um dia, um cafezinho de manhã e outro após o almoço. Só que o café é apenas o representante mais famoso da cafeína. E é aí que mora o problema.
Apesar de sempre ser mencionado o café antes de dormir, na verdade ele em si não é tão vilão assim. O “problema” está na cafeína, composto químico presente em diversos alimentos e um dos estimulantes naturais mais consumidos ao redor do mundo.
A potência e os efeitos da cafeína são medidos por meio da chamada meia-vida, ou seja, a quantidade de tempo de decaimento exponencial do ativo no organismo. No caso da cafeína, a meia-vida varia entre quatro a seis horas, podendo chegar a até sete. Ou seja, sete horas depois do consumo, o corpo ainda sente 50% dos seus efeitos.
Quando você ingere cafeína antes de ir para a cama, excita o seu cérebro e acelera os seus batimentos cardíacos, além de elevar a temperatura corporal. Tudo ao contrário do que deveria acontecer com o seu corpo enquanto se prepara para dormir.
A cafeína é mais comumente consumida em forma de infusão, mas ela também pode ser encontrada em formato sintético (usada em compridos e energéticos) e em alimentos sólidos, como o cacau.
No infográfico abaixo, criado pelo Persono, você vê a quantidade aproximada de cafeína em distintos alimentos. Esse número pode variar porque ele é sensível ao processo de produção e processamento dos alimentos.
E não, você não leu errado. O chamado café descafeinado contém cafeína e isso é completamente legal.
De acordo com a Resolução-RDC 277 de setembro de 2005, editada pelo Ministério da Saúde e Vigilância Sanitária, produtos podem ser chamados de descafeinados se apresentam máximo de 0,1% de cafeína (g/100g). No caso de produtos solúveis, a porcentagem sobe para 0,3%.
A FDA, órgão do governo americano que regulamenta alimentos e bebidas, recomenda um consumo máximo de 400 mg de cafeína por dia. Isso representa aproximadamente 4 xícaras de café passado desconsiderando o consumo de outros cafeinados no mesmo dia.
“Essa quantidade, em termos gerais, não está associada a efeitos negativos e perigosos”, explica. O site da agência americana, porém, faz um alerta: esse “limite” varia de pessoa a pessoa. Cada um de nós tem uma tolerância individual à cafeína de acordo com idade, níveis hormonais e outros fatores.
Um desses fatores é a maternidade. Gestantes metabolizam a cafeína de modo mais lento que o resto das pessoas, ou seja, a meia-vida mencionada acima não vale para elas. Outro motivo para evitar o café durante a gravidez e a lactância é não estimular o bebê, que se alimenta da alimentação da mãe.
O horário de ingestão da cafeína também importa, como já mencionamos aqui. Então que tal limitar a quantidade e os horários daquele espresso especial? Tomar café antes de dormir é pedir para ter uma noite ruim.
De maneira simples, a cafeína afeta três aspectos do sono:
Em resumo, tudo. Tudo o que envolve dormir é afetado quando o consumo de cafeinados é desregulado e em horários inadequados.
Sobre a qualidade e nível de satisfação com o sono, o neurocientista Matthew Walker explica.
“A cafeína pode diminuir a quantidade de sono não-REM (NREM) profundo nos estágios três e quatro desse sono. É esse o tipo de sono profundo restaurador. Como consequência, você pode acordar na manhã seguinte e não se sentir revigorado e recuperado pelo sono”.
Esse sono com baixa continuidade pode levar a um dia seguinte de sonolência diurna, fadiga, dificuldades de memorização e até instabilidade emocional.
Outros efeitos do consumo excessivo de cafeína são: agitação, ansiedade, problemas estomacais, náusea, dor de cabeça e disforia (uma mudança rápida e repentina para um estado de ânimo de tristeza, melancolia e pessimismo).
O café antes de dormir, já ficou bem claro, não ajuda ninguém, muito pelo contrário. Só que a cafeína tem benefícios sim, desde que consumida com moderação e na hora certa.
Em resumo, aqui ninguém quer dizer que você não deve tomar o seu cafezinho sagrado de manhã cedo ou depois do almoço. Já depois do jantar é realmente melhor evitar.
O café, ou melhor, a cafeína, como outros tantos outros alimentos, pode trazer benefícios e prejuízos ao corpo. É só consumir com moderação e no máximo até o começo da tarde.
O seu sono agradece.
Dito isso, vê um capuccino aqui, por gentileza.
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