
Quem tem um bebê na família já deve ter reparado que os recém-nascidos basicamente só fazem dormir e comer. Já as pessoas idosas dormem menos. A relação entre quantidade de horas de sono e idade é uma das várias mudanças naturais que ocorrem com os seres humanos.
Dormir é essencial em todas as fases da vida. Para cada uma delas, o sono tem responsabilidades específicas tanto para o desenvolvimento quanto para a prevenção de doenças. Mas por que dormimos menos à medida que envelhecemos?
Antes da resposta dessa pergunta é preciso entender outra questão: quais os ganhos para cada fase da vida ao dormir as horas de sono recomendadas? Vamos passar por cada um delas e os benefícios.
Por que os bebês dormem o tempo todo?
Não só é normal, como é recomendável que os bebês durmam bastante. A National Sleep Foundation recomenda de 14 a 17 horas de sono para recém-nascidos e de 12 a 15 horas dos 4 ao 11 meses. De 1 a 2 anos é indicado que os bebês durmam de 11 a 14 horas.
Mas calma! Não é uma noite de sono com todo esse tempo. Essas horas também contam os cochilos que os bebês dão no decorrer do dia. Durante o crescimento, é normal o tempo de sono durante o dia ir diminuindo.
Se você fez os cálculos deve ter percebido que os bebês passam mais da metade de um dia inteiro dormindo. Pesquisas feitas com o objetivo de analisar o sono nessa fase da vida mostraram que dormir permite o desenvolvimento do cérebro dos bebês. São construídas redes cerebrais essenciais que vão facilitar o aprendizado e a formação do comportamento da futura criança.
Sono das crianças
A partir dos 3 anos de vida o tempo de cochilo diminui bastante ou esse hábito até mesmo desaparece. Essa mudança é normal. A National Sleep Foundation recomenda que crianças dos 3 aos 5 anos durmam de 10 a 13 horas por dia. Já aquelas que estão na faixa etária dos 6 aos 13 devem dormir em torno de 9 a 11 horas.
Assim como nos dois primeiros anos de vida, nessa fase o sono continua sendo essencial para o desenvolvimento. Diversos estudos mostraram que dormir mal na infância pode gerar problemas como ganho de peso e obesidade, ansiedade e depressão.
Adolescentes: quando a relação sono e idade complica
Quem passou pela adolescência sabe bem como é: noites sem dormir por conta de festas ou conversas madrugada adentro com os amigos pelas redes sociais. Apesar desse comportamento, faz parte dessa fase da vida dormir mais tarde porque o ritmo circadiano passa por uma mudança.
A recomendação da National Sleep Foundation é de que os adolescentes de 14 a 17 anos durmam de 8 a 10 horas por noite. Ao manter a qualidade do sono na adolescência, há uma maior probabilidade dos jovens evitarem:
- Ansiedade, depressão e bipolaridade: pesquisadores dos Estados Unidos, Austrália e África do Sul analisaram uma série de estudos que mostraram a ligação entre insônia (comum em adolescentes, principalmente meninas) e doenças relacionadas à saúde mental;
- Falta de atenção e fadiga: um estudo feito na Argentina com 1.194 adolescentes mostrou que a falta de sono gera sonolência diurna e prejudica a concentração;
- Má performance nos estudos: o mesmo estudo argentino percebeu uma correlação entre a falta de atenção e o desempenho escolar dos adolescentes.
Relação entre sono e idade para jovens adultos e adultos
O jovem adulto é a pessoa que está na faixa etária dos 18 aos 25 anos. Já os adultos são os que se encontram entre 26 e 64 anos. Para os dois grupos, a National Sleep Foundation recomenda de 7 a 9 horas de sono.
Apesar do desenvolvimento da infância e da adolescência terem passado, as vantagens de um sono de qualidade para a saúde são muitas. Os principais benefícios do sono para jovens adultos e adultos são:
- Desenvolvimento da memória muscular;
- Retardamento no crescimento de tumores relacionados ao câncer de mama;
- Disposição para fazer exercícios físicos;
- Redução do risco de diabetes;
- Entre outros.
Por outro lado, dormir mal pode causar:
- Hipertensão;
- Diminuir a imunidade;
- Dificuldade de aprendizado;
- Sonolência diurna;
- Entre outros.
O sono da terceira idade
Para quem acha que idosos dormem pouco, a mudança não é grande quando comparada ao tempo dos adultos. A National Sleep Foundation recomenda que pessoas acima dos 64 anos durmam entre 7 e 8 horas. Nessa fase, há uma queda na produção de melatonina, o hormônio do sono.
Com a idade, a insônia também se torna mais comum por conta do aumento do risco de condições físicas, médicas e mentais que podem atrapalhar o sono do idoso. Apesar das mudanças, dormir bem continua sendo essencial, pois além de demonstrar que a pessoa está saudável, o sono diminui o risco de queda e aumenta o bem-estar mental.
Motivos pelos quais dormimos menos quando ficamos mais velhos
Além da diminuição dos níveis de melatonina, fatores que afetam a relação entre sono e idade, como saúde, estilo de vida e processos biológicos. Isoladamente ou em conjunto, eles podem alterar a quantidade de horas de sono de uma pessoa. Com a idade:
- o núcleo supraquiasmático, que controla o ciclo circadiano, nosso relógio biológico interno, também envelhece. Com essa alteração, as pessoas idosas sentem mudanças no sono e estado de alerta;
- há um aumento da incidência do sono leve, o que é uma das causas dos problemas para dormir das pessoas idosas. Essa etapa do sono, conhecida como não-REM 1 (NREM 1), é aquela em que o cérebro faz a transição entre os estados acordado e adormecido. Por conta dessa característica, é mais fácil despertar, consequentemente a noite fica pouco efetiva e menos restauradora;
- as pessoas tomam mais remédios, o que pode contribuir para problemas de distúrbios do sono. Uma pesquisa feita com idosos mostrou que entre 1988 e 2010, o uso de remédios prescritos pelos médicos aumentou, com 40% dos tomando 5 medicações ou mais.
Caso o sono esteja comprometido, é importante consultar um médico especialista, pois alguns distúrbios podem ser responsáveis por atrapalhar o descanso.
Boa noite!