
Ao ouvir de um/a médico/a que ele vai solicitar alguns exames de sono, já nos imaginamos que vamos passar uma noite no hospital, gravados e monitorados para uma polissonografia. Só que nem sempre é assim. Pode não ser uma polissonografia e nem no hospital.
É verdade que quando o profissional fala em “estudo do sono” provavelmente está falando dela, já que é um dos testes mais conhecidos e completos para estudar o descanso noturno (ou a falta dele) de uma pessoa, mas o cardápio de opções de exames de sono é muito maior do que isso.
Nesse post, você irá conhecer quais são eles. E, surpresa, nem todos são feitos de noite.
Os exames de sono e para que eles servem
Em todos os exames de sono listados nesse post, você vai encontrar uma pequena explicação do que é o exame, para que ele é usado (Para detectar um distúrbio do sono? Para entender a qualidade do sono?), como ele funciona e outras informações pertinentes.
Polissonografia
Dissemos que a polissonografia não é o único na lista de exames de sono, não que ela não estaria aqui.
A polissonografia é um exame de sono amplo e funciona quase como um guarda-chuva, como se fossem vários exames feitos de uma única vez em um processo sistemático de captação de informações, variáveis biológicas e parâmetros de sono de uma pessoa.
Ela é considerada o exame de padrão ouro para o diagnóstico da apneia do sono e outros distúrbios respiratórios do sono, além de ser utilizada na investigação de uma série de outros distúrbios, da síndrome das pernas inquietas à epilepsia noturna.
Uma polissonografia pode compreender de uma só vez: eletroencefalograma (EEG), eletrooculograma (EOG), eletromiograma (EMG), eletrocardiograma (ECG), fluxo aéreo ( e oral, esforço respiratório (torácico e abdominal), movimentos corporais (ex:EMG tibial), gases sanguíneos (saturação de oxigênio, concentração de dióxido de carbono), entre outros.
Por que meu médico pode pedir uma polissonografia:
Em muitos casos, a polissonografia é solicitada quando o paciente reclama ou apresenta sintomas frequentes de baixa qualidade do sono, percebida ou quando o médico quer ter uma compreensão mais ampla sobre a sua saúde.
De acordo com o Hospital Albert Einstein, ela é indicada para:
- Quadros de insônias
- Quadros de sonolência excessiva
- Distúrbios respiratórios sono-dependentes
- Comportamentos anormais durante o sono
Se o seu médico solicitar uma polissonografia, não tenha receio de perguntar sobre a hipótese diagnóstica, até porque essa informação pode ajudar a equipe médica no dia do exame.
Como ele funciona:
Tradicionalmente, a polissonografia é feita em hospitais, laboratórios de diagnóstico ou clínicas especializadas, mas para muitos casos hoje já existe a possibilidade de fazer o exame em casa, com devolução dos equipamentos no dia seguinte.
O exame consiste em sensores e eletrodos que monitoram uma série de atividades do seu corpo, do cérebro a movimentos musculares. Isso permite a análise de parâmetros como a latência do sono e o tempo de permanência em cada fase do sono. Com isso, é possível identificar anomalias nos movimentos e na quantidade, qualidade e período de sono.
O que esperar do exame:
Um pouco de desconforto, afinal você passará a noite conectado a uma série de equipamentos médicos que dificultam a movimentação e podem impedir o paciente de dormir em sua posição habitual.
Só que não precisa se preocupar: a polissonografia é totalmente segura, indolor e não invasiva.
+ Leia Mais: Tudo o que você precisa saber sobre a Polissonografia
Polissonografia com CPAP
Quando um paciente já sabe que tem apneia ou o diagnóstico está quase fechado, pode ser necessário fazer um tipo de polissonografia especial para iniciar o tratamento com CPAP, determinando a quantidade de pressão de ar a ser aplicada no respirador doméstico do paciente.
Isso aumenta a assertividade do tratamento e garante que, durante os testes, o paciente esteja em ambiente controlado.
Além disso, é a polissonografia que vai ajudar a determinar qual é o tipo de apneia que a pessoa tem: obstrutiva, mista ou central, além da intensidade (leve, moderada ou grave). A combinação entre o tipo e a intensidade da apneia é o que irá determinar o tratamento mais adequado, que nem sequer será necessariamente o CPAP.
Na Polissonografia com CPAP, o paciente dorme com um aparelho CPAP ou BiPAP e com uma máscara determinada pelo técnico que está acompanhando o exame.
Actigrafia
Sabe esses sleep trackers em formato de relógio, geralmente smartwatches ou smartbands usados para monitorar atividades físicas? A actigrafia é como se fosse um deles, mas com validade médica, afinal estamos falando de um exame de sono.
A actigrafia é usada para analisar os ciclos de sono e despertar de uma pessoa. No geral, o actígrafo fica com o paciente por um período de uma a quatro semanas, permitindo uma análise a longo prazo e contínua, diferentemente da polissonografia que é feita em apenas uma noite.
Alguns dos dados que a actigrafia consegue monitorar são o horário de acordar e dormir, as atividades durante o período de sono e, a exposição à luz, a temperatura, os níveis de ruído, os tremores, etc…Os elementos analisados dependem do modelo de actígrafo.
Por que meu médico pode pedir uma actigrafia
O objetivo da actigrafia é suportar o diagnóstico de distúrbios do sono, especialmente os distúrbios do ritmo circadiano, como a Síndrome da Má-Adaptação ao Trabalho em Turnos e a Síndrome da Mudança de Fuso Horário (Jet Lag).
Como ele funciona:
Para uma actigrafia bem sucedida, basta o paciente usar o actígrafo como orientado pelo médico ou laboratório especializado que fornecer o equipamento.
Dependendo da tecnologia utilizada, o médico que solicitou o exame poderá ter acesso em tempo real aos resultados ou não.
O que esperar do exame:
Não há muito com o que se preocupar, afinal a actigrafia é um exame que o paciente pode até esquecer que está fazendo. É só usar o aparelho da maneira correta.
+ Leia Mais: Qual é a diferença entre a actigrafia e os sleep trackers
Teste das Múltiplas Latências do Sono (TMLS ou MSLT)
Quem disse que os exames de sono são todos feitos de noite? Não é o caso aqui do Teste das Múltiplas Latências do Sono.
O nome já diz o que ele analisa: quanto tempo a pessoa leva para dormir durante o dia (latência do sono). Isso é repetido algumas vezes ao longo do dia para que os médicos possam entender o quanto a sonolência pode estar afetando a vida do paciente.
Por que meu médico pode pedir um TMLS:
O Teste das Múltiplas Latências do Sono é fundamental no diagnóstico de distúrbios como a narcolepsia e a hipersonia primária. Ele também é usado por médicos para confirmar a presença e avaliar a severidade da sonolência diurna de um paciente.
Como ele funciona:
Geralmente, o TMLS começa 3 horas depois do despertar definitivo do paciente pela manhã, ou seja, depois que ele acorda “de vez”.
Depois de conectado a monitores e eletrodos, ele é colocado em um quarto confortável com orientação para tentar dormir. Se cair no sono, os profissionais de saúde deixarão o cochilo acontecer por 15 minutos para testar quais fases do ciclo do sono são alcançadas. Se não dormir em até 30 minutos, é liberado dessa tentativa.
O ciclo se repete cerca de quatro ou cinco vezes ao longo do dia.
O que esperar do exame:
Muita paciência. Como o Teste das Múltiplas Latências do Sono é um exame que exige repetições, pode durar aproximadamente 10 horas para o fim de todos os ciclos. Portanto, é necessário que o paciente reserve todo um dia para ele.
Quem escolhe qual é o exame adequado para cada paciente é o profissional de saúde, mas sinta-se confortável para questionar sempre.
Boa noite!