
11 de março de 2022 marca o segundo aniversário da declaração de pandemia de Covid-19 por parte da OMS – Organização Mundial da Saúde, um reflexo da rápida disseminação geográfica do vírus Sars-Cov-2. Desde então a ciência tem buscado entender a relação entre essa infecção por coronavírus e o sono. Agora, dois anos depois, começamos também a entender como a Covid longa, nome dado aos efeitos a longo prazo da doença, também mexe com a hora de dormir dos pacientes recuperados.
Antes de mais nada, é preciso entender que relacionar a Covid-19 com o sono é um movimento natural, uma vez que a imunidade de uma pessoa tem relação direta com como ela dorme.
Isso acontece porque, quando vamos dormir, produzimos anticorpos e citocinas, que são fundamentais na proteção contra invasores perigosos como vírus e bactérias. Além disso, durante o sono profundo, com a desaceleração da atividade cerebral, o sistema imunológico ganha tempo para se recuperar de estresses passados.
Quando não dormimos, nosso sistema imunológico não passa por esse “recarregamento”, por isso ficamos mais propensos a infecções. É o mesmo motivo pelo qual dormir antes e depois de tomar uma vacina é tão importante.
Como a pandemia de Covid-19 afetou o sono das pessoas
Desde que a pandemia começou, os padrões de sono da população foram bastante alterados.
A pesquisa Acorda, Brasil!, desenvolvida pelo Persono em parceria com a MindMiners e a Unimark/Longo, mostrou que 57% dos brasileiros disseram estar dormindo menos ou pior desde março de 2020.
Um outro estudo, dessa vez do Ministério da Saúde, também trouxe números alarmantes: 41,7% das pessoas apresentaram distúrbios do sono durante a pandemia, tais como dificuldade para pegar no sono ou despertar.
A perda de compromisso com horários e a menor responsabilidade com rotinas, além do aumento do estresse por estar vivendo uma pandemia, foram alguns dos motivos para esses prejuízos ao descanso.
O que é Covid longa
A maioria das pessoas infectadas pelo coronavírus fica completamente curada depois de alguns dias ou semanas de doença. Ou seja, quando o vírus abandona o organismo o paciente está restabelecido.
Outras pessoas, porém, continuam a ter sintomas mesmo quando já estão livres da infecção. Esses sintomas não necessariamente são os mesmos enfrentados durante o percurso da doença e podem aparecer até mesmo com pessoas antes assintomáticas.
Essa é a definição de Covid longa: a permanência dos sintomas e até mesmo a aparição de novos por um período de tempo mesmo depois do fim do período infeccioso.
O tempo que esses sintomas podem permanecer ainda não é conhecido.
O número de afetados pelos efeitos a longo prazo da infecção por Sars-Cov-2 varia bastante entre diferentes estimativas. De acordo com a Faculdade de Medicina da Penn State (EUA), essas pessoas podem representar mais de 50% dos infectados, o que significaria mais de 100 milhões de pessoas ao redor do mundo.
De acordo com a NHS, o sistema nacional de saúde britânico, os sintomas mais comuns da Covid longa costumam ser:
- Fadiga
- Dificuldades de respiração
- Dor ou aperto no peito
- Dificuldades de memória e concentração
- Insônia
- Palpitações
- Tonturas
- Sensação de “agulhadas”
- Dores nas juntas
- Depressão
- Ansiedade
- Dores de cabeça
- Dores de estômago, perda de apetite e/ou diarréia
- Tosse
- Dores de ouvido
- Dores de garganta
- Alterações nos sentidos do olfato e paladar
Febres, mudanças repentinas de humor e alterações no ciclo menstrual também já foram sintomas observados em pacientes.
Relação entre Covid longa e o sono
Sendo a insônia um dos sintomas mais comuns da Covid longa, já fica bastante evidente a relação entre os efeitos a longo prazo do coronavírus e o sono. Só que a ciência vai além para entender um pouco melhor essa interação.
Um dos primeiros estudos sobre o tema, publicado em maio de 2021, já chegou a uma conclusão alarmante: proporcionalmente, mais pessoas com Covid longa têm insônia do que aqueles que nunca foram infectados.
Além disso, pessoas que passaram pela Covid tendem a apresentar uma insônia mais severa.
Além da dificuldade para pegar no sono, a qualidade da hora de dormir também é prejudicada. Três a cada quatro pacientes que participaram de uma pesquisa tiveram uma piora na percepção do próprio sono, alterações na latência do sono e prejuízos à vida diária em consequência disso.
Toda essa correlação entre a Covid e os problemas para dormir, acreditam os estudiosos, pode acontecer por diferentes motivos, tais como:
- Uma resposta aos sintomas físicos da Covid longa;
- Consequências do agravamento da saúde emocional e da saúde mental devido à infecção (a depressão e a ansiedade, por exemplo, são comumente associadas à insônia); e
- Efeitos da inflamação residual no corpo.
Todas essas hipóteses têm algo em comum: não é o coronavírus, mas as consequências dessa infecção que têm como efeito secundário os problemas para dormir durante o período de enfrentamento da Covid e da Covid longa.
Em todo caso, o melhor é não contrair o vírus. Vacine-se, tome a segunda dose da vacina e também a dose de reforço. Evite aglomerações e use máscaras de qualidade.
Boa noite!