
Você sabia? De acordo com uma pesquisa da Universidade de São Paulo, realizada em meados dos Anos 2010, mais da metade dos brasileiros reportam o ronco. Quer mais? A Superinteressante revelou em reportagem que os ruídos noturnos são a terceira maior causa de divórcios.
Na mesma reportagem, a revista conta a história de uma senhora cujo ronco chega a 111 decibéis. Isso é mais barulho que um jatinho voando baixo, que alcança aproximadamente 103 decibéis. O seu marido, é claro, era obrigado a dormir em outro quarto.
Mas além desses fatos anedóticos, o ronco pode ser sinal de alerta de que algo não está bem e é importante entendê-lo .
Afinal, o que é o ronco?
O ronco é o ruído produzido durante o sono e causado por um estreitamento nas vias respiratórias.
Enquanto dormimos, as vias aéreas são protegidas por diferentes mecanismos cujo objetivo é não deixar que elas sejam obstruídas. Mas, para algumas pessoas, toda essa “força-tarefa” não é suficiente e o fluxo de ar encontra mais dificuldades para fluir já que ele tem menos espaço para passar.
Esse estreitamento causa uma vibração nos tecidos que formam a garganta, o que gera esse ruído tão desagradável.
Quais são as causas do ronco?
Algumas das causas do ronco são corriqueiras e podem acontecer com qualquer pessoa, como o consumo de álcool ou medicamentos sedativos, uma vez que eles relaxam os músculos da faringe.
O tabagismo também pode levar as pessoas a roncarem porque ele gera um edema na mucosa e, consequentemente, isso estreita a nasofaringe. É o mesmo que acontece durante resfriados ou crises alérgicas.
A apneia do sono, distúrbio em que a respiração para por alguns momentos durante a noite, também gera ronco. Por ser potencialmente perigosa, ela deve ser tratada com cuidado por um médico.
Outros fatores de predisposição para roncadores são o sobrepeso, a asma (sobretudo asma noturna) e a posição em que dormem, especialmente a de “barriga para cima”, a chamada decúbito dorsal.
Devo procurar um médico por causa do meu ronco?
Em seu site institucional, a equipe de medicina do sono do Hospital Albert Einstein sugere que antes de buscar um médico, seja feita uma autoavaliação com as perguntas abaixo:
– O seu parceiro/a ou companheiro/a de quarto tem queixas de que você ronca regularmente?
– Você recentemente ganhou peso ou parou de se exercitar?
– Você tem membros da família que roncam?
Caso a resposta seja sim em pelo menos uma das perguntas, você tem grandes chances de roncar (caso já não ronque). Se o ronco for muito alto ou frequente, busque um médico do sono e, se possível, leve seu parceiro de quarto para a consulta, pois ele poderá oferecer informações valiosas ao profissional.
Mais fatos sobre o ronco que você precisa conhecer
Confira abaixo outras informações sobre esse distúrbio tão ruidoso.
1 – Existem diferentes tipos de roncos…
O ronco é classificado de diferentes maneiras na literatura médica.
Alguns autores categorizam ele de I a III, de acordo com intensidade, sendo o III aquele que pode ser ouvido do lado de fora do quarto, com a porta fechada.
Por outro lado, algumas referências apontam apenas dois tipos: primário (não causado por doenças; a respiração é obstruída, mas não interrompida) e secundário (mais grave; um sinal de apnéia do sono).
2 – … e o tratamento depende disso
Quando um médico detecta que o ronco é problemático e precisa de tratamento, ele primeiro precisa determinar qual é a categoria do paciente. Só depois disso ele faz a opção:
– Intervenção conservadora / comportamental, que pode incluir perda de peso, adaptação da posição de sono e tratamento de rinite, entre outros.
– Intervenção não cirúrgica, com a utilização de dispositivo intra-oral e CPAP, um aparelho que envia um fluxo de ar para as vias respiratórias.
– Intervenção cirúrgica, com procedimentos como cirurgia nasal, cirurgia do palato e cirurgia bariátrica.
3 – Homens roncam mais que mulheres
Para cada quatro “roncadores”, há apenas uma “roncadora”, mas esse número fica mais parecido em grupos de pessoas mais velhas. A culpada é a menopausa, que geralmente acontece entre os 45 e 55 anos da mulher.
Luciane Luna de Mello, pneumologista do Instituto do Sono, em São Paulo, explicou o porquê. “Na idade fértil, o estrogênio, hormônio sexual feminino, protege a musculatura da garganta. E assim como acontece com os outros músculos, os da faringe também perdem tônus com o tempo, o que contribui para fechar a passagem do ar”.
4 – Muitas pessoas não percebem o quanto ele atrapalha o sono
O ronco atrapalha a rotina do sono até mesmo de quem não ronca, afinal não é nada fácil dormir com um barulho com os mesmos decibéis que um trator dentro do quarto.
Tanto o roncador (pelas interrupções da respiração) quanto o seu parceiro (por causa do ruído), podem ter pequenos despertares ao longo da noite que fazem com que o sono não seja reparador. Esses momentos muitas vezes não são sequer lembrados na manhã seguinte, mas não por isso são menos prejudiciais.
Tecnologias que controlam a qualidade do sono, a autoavaliação mencionada acima e uma visita ao médico podem ter grandes efeitos na sua qualidade de vida.
Fique ligado no blog e nas redes sociais do Persono para mais conteúdos sobre o seu sono. Afinal, uma noite bem dormida é garantia de dias melhores.